O individualismo é a solução que a pós-modernidade encontrou para se defender do inferno que os outros são. O egoísmo é o motor que alimenta "quase" TODAS as acções humanas. Somos homens e sê-lo é encarnar um monstro. DEUS MORREU e o HOMEM ALTRUÍSTA de tantas teorias não chegou a nascer.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Contadores de histórias – O Objectivo deste Blog

Sempre que me sento em frente do computador para escrever os meus dedos deambulam pelos caracteres em micro gestos nervosos. A força da indeterminação obriga o mindinho a escalar para o canto superior direito e a pressionar insistentemente a tecla “backspace”. Acabo por apagar tudo... e já não escrevo como outrora. Nem em quantidade e muito menos em qualidade.

Quando tinha doze ou treze anos habituei-me a transportar um caderno no bolso das calças e escrevia desvairadamente. Aos dezasseis publiquei “as sombras do meu ser”: poesia. Fraquinha. Os meus amigos gostaram e começaram a escrever. Mereci algum reconhecimento por parte do mundinho em que vivia e continuei a gatafunhar cadernos. Na altura tinha tantas certezas ao ponto de julgar que possuía algum talento. O problema é que a centelha não evoluiu em qualquer sentido e eu comecei a substituir os cadernos por tabaco, moedas, palhetas, bilhetes de autocarro, partituras, e um arsenal de antidepressivos e ansiolíticos que não lembra ao diabo. Sempre que procuro alguma coisa nos bolsos a confusão é tanta que posso dizer que perco pelo menos trinta minutos por dia numa cáustica busca, facto que me leva a chegar sempre atrasado a qualquer destino. Era mais fácil na altura dos cadernos.

Neste momento o meu dedo mindinho está a ficar nervoso, mas não vou permitir que apague esta treta toda, mesmo que esteja a desviar-me do assunto.

Serei breve, vamos lá: Vivi, socialmente, dez anos em braga, num anonimato incomensuravelmente confortável. Há cinco anos voltei para Vila das Aves. Conheci o W. e durante um ano perdemo-nos pelos poucos bares da zona em tertúlias filosóficas, ou pseudo-filosóficas. Na maior parte das vezes éramos interrompidos por personagens tão absurdas que pensámos em começar a escrever sobre isso. O projecto não vingou, ainda... O meu dedo mindinho é do caralho...

Passaram quatro anos desde então ...

Estes últimos cinco anos foram de absoluta estupidificação, comecei a pensar. Todavia, quando coloquei todas as experiências na balança compreendi que aprendi mais aqui do que no tempo em que estudei filosofia. Num segundo tudo fez sentido. Todas estas histórias... e foram tantas, tantas... pequenas, mas arrebatadoras. Eu lia o mundo com os olhos de Nietzsche, Schopenhauer, Sartre. Que estúpido. Estava cego. O mundo revelava-se a meus olhos e eu não o via.

São essas histórias que serão contadas aqui. Convidei três pessoas para colaborarem comigo no blog. Dois deles da área a filosofia e outro do desenho. Vi alguma compatibilidade entre nós: todos acreditamos que o mal de uns é sempre o contentamento de outros. No entanto, cada um será responsável pelo vocabulário que usar, pelas histórias que contar, ou pelas imagens que colocar.

Por hoje fica assim. O meu próximo post será uma história sobre uma estirpe de contadores de histórias que, sob o meu ponto de vista, devia ser recompensado com a morte.

1 comentário: